Antes de falar sobre o assunto do título do post, o Meu Filho Cão tem o prazer de apresentar sua nova colaboradora, a adestradora da Cão Cidadão Juliana Nishihashi. Com quatro anos de experiência na área de comportamento animal, a Ju é daquelas profissionais que quando você contrata tem certeza do seu conhecimento no ramo em que atua. Conheço-a desde 2011, quando a contratei para adestrar a DJ, que havia resgatado das ruas e tinha alguns problemas de comportamento, como destruição de móveis. Falei um pouco sobre isso no post em que contei a história dela. Depois, chamei a Ju novamente ao adotar o Toddy.
A Juliana já gostava de animais desde criança, teve aquela fase “quero ser veterinária”, mas por essas coisas da vida acabou encaminhando a carreira para outra área. Trabalhou por mais de cinco anos como coordenadora de laboratório de análises clínicas, porém desmotivada resolveu ir em busca de um trabalho que não a prendesse por horas em frente a um computador .
Quando precisou de adestramento para sua cachorra, a Ava, uma pastora alemã “terrível”, acabou descobrindo o trabalho que, realmente, lhe daria a sensação de estar ajudando alguém. Ela já tinha o livro Adestramento Inteligente, do Alexandre Rossi, que é dono da Cão Cidadão, e gostava do método. Procurou um consultor e acabou encontrando no site da Cão Cidadão as sessões “Cursos e palestras” e “Trabalhe conosco”. Viu aí uma oportunidade de mudar a carreira. No fim das contas, não contratou ninguém e acabou virando adestradora.
A Ava, que faleceu há pouco tempo com quase 15 anos, é a grande motivação da Ju para trabalhar com comportamento animal. Ela admite que a família errou muito na educação da cachorra por total falta de conhecimento e uso de técnicas ultrapassadas. A pastora alemã despertou nela a uma grande paixão por adestrar com técnicas positivas e a fez entender que, para adestrar bem um animal, é preciso respeitar suas dificuldades e limitações e exercitar muito a perseverança e paciência.
Para se manter atualizada, a Ju lê livros da área e gosta muito de alguns especialistas como Victoria Stillwel, Sophia Yin e Ian Dubar. Eles inclusive têm blogs e sites que são interessantes tanto para profissionais quanto para donos. Ela procura também sempre estar alinhada com as técnicas de treinamento positivo, por meio de cursos e seminários. E ainda participa de reuniões semanais na Cão Cidadão, onde a equipe de franqueados se reúne semanalmente para discutir casos.
Bem, depois dessa longa apresentação (desculpa, gente, ela merece), vamos ao que interessa, a contribuição da Juliana. Ela irá escrever sobre todos os assuntos relacionados a comportamento animal, oferecendo pra gente, mães e pais de peludinhos, uma visão profissional sobre como podemos melhorar nossa relação com eles.
Nesse primeiro artigo, ela vem com uma questão interessante: Por que você tem um cachorro? Leia, há aspectos que podem servir tanto para você, quanto para aquele amigo que está pensando em ter um peludinho.
Seja bem-vinda, Ju!
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Por que você tem um cachorro?***
Algumas vezes por mês, vou falar com vocês sobre adestramento e comportamento animal no MFC. Vou falar sobre problemas comportamentais, dicas de treinos e produtos que podem ajudar na educação e melhorar o comportamento do pet. Então, o que essa pergunta tem a ver com esses temas?
Como adestradora, percebo que muitas das queixas dos donos e problemas comportamentais dos cães são decorrentes de falta de informação e de expectativas erradas quando adquiriram o pet (tanto através de compra, quanto de adoção). Por exemplo, uma família adota um cão pois precisa de um “cão de guarda”, mas logo começa a sofrer com latidos excessivos e destruição de objetos. Ou compram um cão para que as crianças tenham companhia para brincar, mas o cachorro não se dá muito bem com os pequenos. Existem casos (muito piores na minha opinião) em que as pessoas compram uma determinada raça pois gostam da aparência ou porque querem ter um cão de pedigree, mas o bichinho começa a demonstrar problemas de comportamento “incompatíveis com a raça”. Aí começam as frustrações, reclamações e desistência do bichinho, o que infelizmente pode culminar com o seu abandono (e abandono não é só jogar o cão na rua, também é excluí-lo do convívio com a família, mesmo ainda dentro de casa).
O que quero dizer com isso é que, muitas vezes, quando trazemos um cão para dentro de casa e colocamos nele uma “função” – cão de guarda, cão de companhia para crianças, cão de exposição, etc – esqueçemos que antes de tudo, os cães têm suas características e necessidades específicas, as quais devemos priorizar quando decidimos adotar ou comprar um cão. Então, preciso entender que mesmo eu tendo comprado um cão para fazer companhia e brincar com as crianças, ele pode ser medroso ou tímido e deve ter essas características respeitadas e tratadas, para que não venham causar um problema, como agressão. Se quero um cão de guarda, que viverá no quintal para alertar a família quanto a perigos externos, mesmo assim, esse cão precisará de atividades e brinquedos adequados, treinamento, interação e carinho da família, durante sua vida toda! Posso desejar ter um cão de raça, belo e apresentável para exposições e competições, mas devo entender que antes de tudo, ele é um cão, precisa correr, brincar com outros cães, se sociabilizar, ou seja, fazer coisas de cachorro!
Compreender quais são as necessidades reais de um cão, entender sua forma de se comunicar (que é bem diferente da nossa forma humana), respeitar e ser paciente, são na minha opinião, as características básicas para um dono (ou pai!) de cachorro que quer ter um convívio equilibrado e saudável com seu pet. Sabendo dessas coisas, fica muito mais fácil lidar com os problemas que virão, e isso nos faz enxergar nossos cães como indivíduos, que têm particularidades que devem ser respeitadas. E cá entre nós, são essas particularidades que fazem cada cão tão especial!
Espero que eu consiga passar para vocês informações e orientações simples, claras e úteis, pois meu desejo é que todos tenham um relacionamento cada dia melhor com seu filho peludo!
*** Por Juliana Nishihashi, Adestradora e Consultora Comportamental da Cão Cidadão