O que você precisa saber sobre filhotes

Glinis e Moti, os meus filhotes :-)
Glinis e Moti, os meus filhotes 🙂

Filhotinho é fofo e todo mundo gosta. Conquista com os olhinhos pidões, o jeito desengonçado, os pulinhos pra ganhar atenção, as mordidinhas durante a brincadeira e durante um tempo conseguem fazer tudo o que querem. Mas é só passar um tempo, e alguns desses comportamentos passam a ser extremamente desagradáveis, o que faz com que muitos tutores percam rapidamente a paciência com aquele filhotinho que antes era tão fofo e engraçadinho.

A chave do sucesso pra lidar com filhotes é ter limites, regras e rotinas desde o início. Assim que o bebezinho chega, a gente pode fazer uma listinha (e não digo no sentido figurado não, é literalmente) das coisas que devemos ensinar ao filhote e da rotina que precisamos manter. Tudo isso dá um pouco de trabalho, mas é fundamental para não ficarmos de cabelo em pé quando o filhote começa a crescer e as dificuldades em controlá-lo aumentam – e aumentam mesmo!

Essa listinha, pra mim, deve ser composta de alguns itens básicos, como por exemplo:

Coisas para treinar diariamente
– Sociabilizar o filhote com o ambiente externo, levando-o por 10 minutos até a rua no colo e deixar que ele veja as coisas enquanto se alimenta com grãos de ração
– Treinar o filhote a usar coleira, ser penteado e examinados nas patas, orelhas, boca e barriga, sempre usando petisco ou ração para recompensá-lo
– Ensinar o filhote a brincar com seus brinquedos e não com as mãos das pessoas
– Comandos básicos: senta, deita, fica e vem (esses comandos devem ser treinados e usado sempre que o filhote for ganhar alguma coisa, seja sua ração ou um brinquedo novo)

A listinha da rotina diária eu sempre recomendo, porque muitas vezes os problemas de comportamento aparecem no filhote simplesmente porque a gente não se programou como deveria para acomodar as necessidades naturais desse filhote, como necessidade de objetos para roer, necessidade de fazer exercícios, necessidade de horário para se alimentar.

Então, a listinha da rotina diária ficaria mais ou menos assim:
7h – ração do café da manhã + caixa de papelão para destruir (pois o filhote ainda não foi vacinado e não pode passear para gastar energia)
11h – ganhar um osso ou jogar bolinha
13h – ração do almoço dentro da garrafa pet (para que ele coma se exercitando)
18h – treinar os comandos básicos com a ração do jantar (para aproveitar esse alimento e dar como recompensa aos comandos)
20h – fazer a sociabilização externa com o filhote
22h – treinar a adaptação à coleira, pente e manipulação

“Xiiii… Mas eu trabalho o dia inteiro, não tenho como brincar às 11h, ou dar a garrafa pet às 13h!” Então, faça a programação de acordo com suas rotinas, mas sempre pensando em oferecer as atividades para o cãozinho; você pode deixar a garrafa já recheada com ração num cantinho para ele descobrir durante o dia, e esconder o ossinho na caminha para ele roer quando tiver vontade. O importante é dar o que o filhote precisa.

NOSSA!! Quanto trabalho, não é mesmo? Pois ter um filhotinho em casa é o mesmo que ter um bebê humano: requer tempo, dedicação e paciência! Não podemos esquecer que o filhotinho depende totalmente da gente, para aprender o que é certo e errado e principalmente para ter interação social e atividades. Por isso, sempre explico que é utópico querer que um filhote passe pela infância com pouco contato social, sem atividades adequadas e sem o treinamento feito pelos membros da família, e ainda cresça equilibrado e educado!

Tudo depende do trabalho dos donos, das rotinas que vão ser aplicadas por eles e acima de tudo, da sua persistência e paciência. O trabalho do adestrador ou consultor comportamental é auxiliar a organizar essa rotina da melhor forma pra família, e principalmente para o filhote.

Outras dicas que acho fundamentais para lidar com a fase exploradora e destrutiva (embora adorável!) dos filhotes:
– não deixar o filhote solto na casa quando não estiver perto para supervisionar. O filhote explora, brinca e destrói, e sem ninguém para balizar seu comportamento, com certeza vai brincar com o que não deve. Deixe para soltá-lo quando estiver próximo, pra poder orientá-lo, dar o brinquedo certo e impedir que mexa nas coisas erradas.
– não ensine o filhote a brincar mordendo ou fazer “lutinha”, o que vai deixá-lo muito excitado e achando que pode brincar fisicamente com as pessoas. Depois de mais velho, essas brincadeiras passam a ser inaceitáveis, pois machucam de verdade, mas na cabeça do cachorro é assim que ele deve brincar, pois aprendeu isso na infância, e o pior, com o próprio dono!

Então, não encoraje na infância o que você não quer na fase adulta!

– ENRIQUECIMENTO AMBIENTAL, ENRIQUECIMENTO AMBIENTAL, ENRIQUECIMENTO AMBIENTAL. Não cansamos de falar dos benefícios dele! Tem até artigo no blog.
– sociabilização precoce. Vou fazer em breve um artigo que explica direitinho o que é e como fazer, mas basicamente, precisamos expor de forma gradual e positiva nossos filhotinhos, com idade entre 45 dias e 3 meses, a todos os estímulos possíveis, para que ele vá se acostumando aos poucos a todas as coisas com as quais conviverá no futuro. O segredo é fazer com segurança (levando no colo), delicadamente (em horários mais calmos e locais com menos estímulos, por pouco tempo) e positivamente (usando petiscos para recompensar).

Ter filhote dá trabalho. E muito prazer! E alegrias imensas! Mas com rotina e organização, tudo fica mais fácil, eu garanto!

*** Por Juliana Nishihashi, Adestradora e Consultora Comportamental da Cão Cidadão

O poder do enriquecimento ambiental

Peludinho do Centro de Zoonoses brincando com um quebra-cabeça
Peludinho do Centro de Zoonoses brincando com um quebra-cabeça

Esses dias estava conversando com uma cliente que tem uma cadelinha muito ativa e destruidora, e ouvi uma das coisas que mais alegra uma adestradora: “Ju, descobri o poder do enriquecimento ambiental!!”.

Por que pra gente é tão importante que os tutores de cães entendam e utilizem o enriquecimento ambiental? Porque muitos problemas de comportamento podem ser evitados e tratados se esse recurso for utilizado da maneira correta! Vários problemas comportamentais são causados por tédio e ócio, desde problemas comuns, como destruição de objetos por filhotes, até problemas sérios, como compulsões.

Enriquecimento ambiental é uma técnica utilizada com pets e até com animais em cativeiro, que visa aumentar a interação do bicho com o ambiente, de forma lúdica e saudável, explorando seus sentidos e também habilidades naturais (saltar, cavar, nadar, etc), sempre levando em conta o indivíduo – por isso, ele pode e deve ser oferecido para cães de diferentes idades, portes e níveis de atividade – fazendo com que o pet gaste energia de forma inteligente e proveitosa.

O que NÃO é enriquecimento ambiental:
– dar um osso para o cão roer
– deixar uma bolinha ou brinquedo de pelúcia pro cachorro quando ele fica sozinho
– deixar o cão num quintal grande para ele correr, mas sem brinquedos

Então como transformar essas atividades simples em um verdadeiro enriquecimento ambiental?
– enriquecer o osso de couro com pedacinhos de petisco presos nos nós, e colocar o osso dentro de uma caixa de papelão, para que o cachorro use as patas e a boca para abrir a caixa e pegar o osso.
– colocar bolinhas de tênis dentro de uma meia, colocar grãozinhos de ração dentro dela, e dar um nó na ponta. Esse brinquedo é para ser destruído mesmo, senão o cão não consegue pegar as bolas e o alimento!
– no quintal grande, em vez de colocar a ração no pote, espalhar os grãos nos cantinhos, sob caixas de papelão, dentro de garrafas pet – use a refeição como brincadeira!! Pendurar num ponto fixo uma corda resistente e na ponta uma câmara de pneu, para o pet puxar. Se houver jardim e o cão tiver acesso, separar um cantinho para plantar ervas aromáticas para ele: manjericão, orégano, hortelã (veja quais são indicadas para cães comerem!).

Perceberam que nos três casos o cão precisa usar patas, boca e se movimentar, e tem o olfato, tato, paladar e visão aguçados? O enriquecimento ambiental é isso, fazer com que haja muitos estímulos diferentes no ambiente para que o cão se entretenha, gaste energia e não fique ocioso.

Esses brinquedos, é claro, demandam criatividade e também algum tempo para serem elaborados, diferente de simplesmente dar uma bolinha ou brinquedo plástico para o pet, mas vale muito a pena – o cão passa muito mais tempo brincando, se cansa muito mais e aprende várias habilidades diferentes.

Tenho alguns clientes que comentam “Ok, mas depois que meu cachorro fizer X meses e estiver mais calminho, vou poder parar de fazer todo esse enriquecimento, né?”. E eu respondo “Não, não vai!”. Suspender as brincadeiras para um cão jovem ou adulto equivale a parar de ir ao cinema, ler um livro ou jogar vídeo game só porque você passou da adolescência! Atividades físicas e mentais são necessárias e saudáveis em qualquer idade!

Alguns pontos importantes para fazer o enriquecimento ideal:
– se seu cão destrói e ingere pedaços dos brinquedos, prefira objetos comestiveis (ossos diversos, frutas, legumes, côco verde, gelo).
– adeque os brinquedos à idade e grau de energia do pet: filhotes geralmente gostam de brinquedos móveis e com barulho; cães mais velhos ou mais concentrados, de brinquedos com alimentos ou do tipo “quebra-cabeça”.
– deixe seu cão interagir com os brinquedos livremente – muitos donos se chateiam quando o pet estraga uma pelúcia durante a brincadeira, ou arrasta o brinquedo no chão em vez de manipulá-lo, como se houvesse uma forma “certa” de brincar. O ideal é deixar o cão usar a cabeça e encontrar a forma melhor para ele conseguir o objetivo.
– planeje-se!! Para não esquecer ou deixar faltar atividades para o pet, já deixe tudo esquematizado: corte e congele as frutas, lave e seque garrafas pet, separe caixas de papelão limpas, escolha os brinquedos ideiais, recheie os ossos e deixe prontos. A chave do sucesso (e da praticidade!) é ter tudo a mão, pronto para ser oferecido nas horas certas – quando o cão for ficar sozinho, quando receber visitas e precisar sossegar o pet, quando ele estiver agitado e você não puder brincar com ele, etc.

Neste blog, vocês podem encontrar dicas de brinquedos (veja abaixo) que a própria Angélica cria e oferece para seus peludos, mas na internet existe uma infinidade de ideias práticas e interessantes para você testar com seu cão. É legal entender o que o motiva e entretem, pois cada um tem gostos e aptidões diferentes.

Importante: observe atentamente como seu cão brinca, pelo menos em cinco oportunidades diferentes, para se certificar que ele não engole pedaços ou tem alguma outra reação estranha durante a brincadeira. Se você tiver mais de um cão, ou as brincadeiras serão SEMPRE supervisionadas, para evitar brigas, ou cada cão receberá seu enriquecimento separadamente. Brigas por posse, mesmo em cães dóceis, são comuns com objetos muito interessantes.

Agora não tem desculpa pra deixar o pet parado! Brincando assim o cão vai se divertir, e ao mesmo tempo ficar mais esperto e educado!

*** Por Juliana Nishihashi, Adestradora e Consultora Comportamental da Cão Cidadão

Toddy dando uma bela abocanhada numa garrafa com petiscos
Toddy dando uma bela abocanhada numa garrafa com petiscos

Dicas de brinquedo do MFC:
Garrafa pet com petisco
Brinquedo com caixa de suco
Brinquedo com rolo de papel higiênico
Kong, um brinquedo que todo cachorro deveria ter
Comprei um quebra-cabeça
Garrafa com petisco versão combo
Vídeo: faça um brinquedo com garrafa e meia

Vídeo: faça um brinquedo com meia e garrafa

 

Hoje eu vou mostrar pra vocês como fazer em casa um brinquedo super legal usando objetos reciclados. Para montá-lo você vai precisar de uma meia velha, uma garrafa pet de 600 ml ou menor, fita ou barbante.

1) Primeiro, coloque a garrafa aberta dentro da meia posicionando de maneira que sobre um espacinho nas duas extremidades.

2) Depois corte algumas franjas nas duas extremidades.

3) Em seguida, amarre as duas pontas com o barbante. Aperte bem de modo que fique difícil para o cachorro desamarrar e corte o excesso.

4) Agora é só dar para o seu peludo. Ele vai amar o barulhinho 😉

Usando o reforço positivo

Juliana treinando peludinho do CCZ com petisco
Treinando peludinho do CCZ com petisco

Existem diversas técnicas para adestrar cães e outros animais. Eu vou falar um pouco sobre uma técnica que atualmente é considerada a mais eficaz e também é a base da metodologia usada por mim e pelos adestradores da Cão Cidadão, o reforço positivo.

Com certeza todo mundo já ouviu falar em “dar um petisquinho” quando o cachorro faz algo certo. Mas o que muita gente não sabe ou não entende é como funciona esse “petisquinho” no processo de aprendizado. Vou dar um exemplo: você vai ao cinema e senta aleatoriamente em uma poltrona para assistir ao filme. Se todas as vezes que você se sentar na poltrona número 50, cair um bombom sobre você, certamente você vai escolher essa poltrona mais vezes, mesmo que ninguém te dê nenhuma orientação sobre isso, certo? Pois é, o reforço positivo funciona assim: se sempre que o cachorro fizer algo, ele ganhar alguma coisa interessante para ele, a tendência é que ele repita o comportamento. 

Mas é preciso lembrar de alguns detalhes importantes para que esse treino à base de recompensas funcione: 

– Para que o cão fique condicionado, é preciso que ele seja recompensado com frequência. Ou seja, não funciona nada você dar um petisco porque se cão se sentou hoje, e só dar outro daqui a uma semana! Persistência é a chave do negócio! 

– A recompensa tem que chegar logo em seguida do comportamento realizado, em torno de 2 segundos. O cachorro aprende muito rápido, portanto é preciso ser ágil. Por exemplo, quando estiver treinando seu filhote a fazer xixi no tapete higiênico, é preciso ficar por perto, e assim que ele terminar, entregar a recompensa. 

– Reforço positivo não é só comida! Reforço é tudo aquilo que o cão gosta, e principalmente, o que ele quer naquele momento. Muito comum escutar donos dizendo que foram até o cão dar uma “bronca” para que ele parasse de latir, quando o cão estava querendo justamente isso, que alguém aparecesse! Ou seja, a tal “bronca” serviu de reforço para o comportamento errado. O cachorro pode muito bem aprender a latir só para que alguém se aproxime, mesmo que seja gritando e com cara feia! 

– Reforçar positivamente funciona melhor do que punir: vamos sempre ter essa frase em mente: “Para todo não, existe um sim”. Portanto, eu não quero que meu cão pule em mim, então eu quero que ele fique sentado. Nosso trabalho será ensinar para o cão o que queremos dele, em vez de punir o que não queremos. É mais fácil, mais prático, mais lógico e com certeza mais correto com o cão, porque no final das contas, ele não tem bola de cristal para descobrir sozinho! 

– Outro benefício de utilizar o reforço positivo, é o “valor agregado” ao treino: quando o cão entende que fazendo alguns comportamentos ele ganha coisas boas, ele terá associações agradáveis com isso, gerando bem estar e uma grande vontade de continuar interagindo e obedecendo. E obedecer por gosto, e não por medo, é muito melhor, não

Nos próximos posts, com certeza vou falar mais sobre reforço positivo, problemas de comportamento e técnicas para nos comportamentos dos pets, mas acho que com isso já dá pra começar, né? Então, petiscos, brinquedos, carinhos, e mãos à obra!

*** Por Juliana Nishihashi, Adestradora e Consultora Comportamental da Cão Cidadão

Por que você tem um cachorro?

Antes de falar sobre o assunto do título do post, o Meu Filho Cão tem o prazer de apresentar sua nova colaboradora, a adestradora da Cão Cidadão Juliana Nishihashi. Com quatro anos de experiência na área de comportamento animal, a Ju é daquelas profissionais que quando você contrata tem certeza do seu conhecimento no ramo em que atua. Conheço-a desde 2011, quando a contratei para adestrar a DJ, que havia resgatado das ruas e tinha alguns problemas de comportamento, como destruição de móveis. Falei um pouco sobre isso no post em que contei a história dela. Depois, chamei a Ju novamente ao adotar o Toddy.

A Juliana já gostava de animais desde criança, teve aquela fase “quero ser veterinária”, mas por essas coisas da vida acabou encaminhando a carreira para outra área. Trabalhou por mais de cinco anos como coordenadora de laboratório de análises clínicas, porém desmotivada resolveu ir em busca de um trabalho que não a prendesse por horas em frente a um computador .

Quando precisou de adestramento para sua cachorra, a Ava, uma pastora alemã “terrível”, acabou descobrindo o trabalho que, realmente, lhe daria a sensação de estar ajudando alguém. Ela já tinha o livro Adestramento Inteligente, do Alexandre Rossi, que é dono da Cão Cidadão, e gostava do método. Procurou um consultor e acabou encontrando no site da Cão Cidadão as sessões “Cursos e palestras” e “Trabalhe conosco”. Viu aí uma oportunidade de mudar a carreira. No fim das contas, não contratou ninguém e acabou virando adestradora.

A Ava, que faleceu há pouco tempo com quase 15 anos, é a grande motivação da Ju para trabalhar com comportamento animal. Ela admite que a família errou muito na educação da cachorra por total falta de conhecimento e uso de técnicas ultrapassadas. A pastora alemã despertou nela a uma grande paixão por adestrar com técnicas positivas e a fez entender que, para adestrar bem um animal, é preciso respeitar suas dificuldades e limitações e exercitar muito a perseverança e paciência.

Para se manter atualizada, a Ju lê livros da área e gosta muito de alguns especialistas como Victoria Stillwel, Sophia Yin e Ian Dubar. Eles inclusive têm blogs e sites que são interessantes tanto para profissionais quanto para donos. Ela procura também sempre estar alinhada com as técnicas de treinamento positivo, por meio de cursos e seminários. E ainda participa de reuniões semanais na Cão Cidadão, onde a equipe de franqueados se reúne semanalmente para discutir casos.

Bem, depois dessa longa apresentação (desculpa, gente, ela merece), vamos ao que interessa, a contribuição da Juliana. Ela irá escrever sobre todos os assuntos relacionados a comportamento animal, oferecendo pra gente, mães e pais de peludinhos, uma visão profissional sobre como podemos melhorar nossa relação com eles.

Nesse primeiro artigo, ela vem com uma questão interessante: Por que você tem um cachorro? Leia, há aspectos que podem servir tanto para você, quanto para aquele amigo que está pensando em ter um peludinho.

Seja bem-vinda, Ju!

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Por que você tem um cachorro?***

Ilustração - dono/cachorro

Algumas vezes por mês, vou falar com vocês sobre adestramento e comportamento animal no MFC. Vou falar sobre problemas comportamentais, dicas de treinos e produtos que podem ajudar na educação e melhorar o comportamento do pet. Então, o que essa pergunta tem a ver com esses temas?

Como adestradora, percebo que muitas das queixas dos donos e problemas comportamentais dos cães são decorrentes de falta de informação e de expectativas erradas quando adquiriram o pet (tanto através de compra, quanto de adoção). Por exemplo, uma família adota um cão pois precisa de um “cão de guarda”, mas logo começa a sofrer com latidos excessivos e destruição de objetos. Ou compram um cão para que as crianças tenham companhia para brincar, mas o cachorro não se dá muito bem com os pequenos. Existem casos (muito piores na minha opinião) em que as pessoas compram uma determinada raça pois gostam da aparência ou porque querem ter um cão de pedigree, mas o bichinho começa a demonstrar problemas  de comportamento “incompatíveis com a raça”. Aí começam as frustrações, reclamações e desistência do bichinho, o que infelizmente pode culminar com o seu abandono (e abandono não é só jogar o cão na rua, também é excluí-lo do convívio com a família, mesmo ainda dentro de casa).

O que quero dizer com isso é que, muitas vezes, quando trazemos um cão para dentro de casa e colocamos nele uma “função” – cão de guarda, cão de companhia para crianças, cão de exposição, etc – esqueçemos que antes de tudo, os cães têm suas características e necessidades específicas, as quais devemos priorizar quando decidimos adotar ou comprar um cão. Então, preciso entender que mesmo eu tendo comprado um cão para fazer companhia e brincar com as crianças, ele pode ser medroso ou tímido e deve ter essas características respeitadas e tratadas, para que não venham causar um problema, como agressão. Se quero um cão de guarda, que viverá no quintal para alertar a família quanto a perigos externos, mesmo assim, esse cão precisará de atividades e brinquedos adequados, treinamento, interação e carinho da família, durante sua vida toda! Posso desejar ter um cão de raça, belo e apresentável para exposições e competições, mas devo entender que antes de tudo, ele é um cão, precisa correr, brincar com outros cães, se sociabilizar, ou seja, fazer coisas de cachorro!

Compreender quais são as necessidades reais de um cão, entender sua forma de se comunicar (que é bem diferente da nossa forma humana), respeitar e ser paciente, são na minha opinião, as características básicas para um dono (ou pai!) de cachorro que quer ter um convívio equilibrado e saudável com seu pet. Sabendo dessas coisas, fica muito mais fácil lidar com os problemas que virão, e isso nos faz enxergar nossos cães como indivíduos, que têm particularidades que devem ser respeitadas. E cá entre nós, são essas particularidades que fazem cada cão tão especial!

Espero que eu consiga passar para vocês informações e orientações simples, claras e úteis, pois meu desejo é que todos tenham um relacionamento cada dia melhor com seu filho peludo!

*** Por Juliana Nishihashi, Adestradora e Consultora Comportamental da Cão Cidadão