
Qual não foi a minha surpresa quando às vésperas da quimioterapia da DJ, no dia 25 de abril, descubro que o Uber Pet foi desativado. Nunca havia usado o serviço na categoria pet, mas desde que a opção foi lançada li diversos relatos sobre a excelência do atendimento.
Então, crente que o serviço ainda estava ativo, entrei no aplicativo um dia antes pra estimar o valor da corrida. Mexo, fuço e não encontro o Uber Pet. Peço ao papito pra olhar no celular dele e nada. Vou, então, ao site do Uber, Facebook e Twitter e nenhuma menção sobre o serviço. Daí tive a ideia de fazer a pesquisa “uber pet” no Twitter. Me deparei com vários relatos de pessoas também surpresas com o sumiço da opção, outras que haviam questionado o Uber sem resposta e pior relatos péssimos de mães e pais de cachorros que já tinham usado Uber após a desativação do Uber Pet. Sim, o serviço foi descontinuado e a empresa não comunicou os usuários, ao contrário do que fizeram no lançamento, quando os usuários receberam e-mail e posts nas redes sobre a novidade.
Assim como outros tutores, no mesmo dia, questionei a empresa pelo Twitter e não obtive resposta. Mesmo assim decidi que usaria Uber, já que não tinha outra alternativa. Na ida à clínica que fica na Vila Prudente, Zona Leste de São Paulo, eu moro na Zona Sul, só para vocês terem uma ideia, eu e a DJ ganhamos uma carona do papito. Na volta, então, tivemos de pedir o Uber.

Fiz a primeira solicitação, um Uber X, após chamar o motorista pelo aplicativo, liguei para perguntar se ele aceitava animais. Tinha lido no Facebook que essa era a nova orientação da empresa, ligar após fazer o pedido. Aqui, abro um parênteses para dizer que acho isso, no mínimo, um saco, já que se uso um aplicativo pra chamar um serviço, não quero telefonar a não ser em caso de urgência. Mas ok liguei.
De primeira, o motorista já me perguntou qual era o tamanho da cachorra. Respirei fundo, respondi que era de tamanho médio. Em seguida, ele indagou: “Solta pelos?”. Oi, é uma cachorra!! Não respondi assim, claro, disse muito educadamente que sim ela solta pelos. Ele me respondeu por fim que não poderia nos transportar.
Parti para uma segunda chamada, já bem aflita pois estava atrasada para o trabalho. Mesmo procedimento. O segundo motorista falou que poderia nos levar se tivéssemos “algum pano”. Disse que estava munida de uma fralda, que absorveria vômito, caso houvesse. Ele topou a corrida para o meu alívio. Vale lembrar aqui que quando existia o Uber Pet os carros já vinham preparados, com capa protetora de banco.
O atendimento do motorista foi ok, e a DJ foi uma linda, ficou calminha e não vomitou, apesar de estar num carro desconhecido.
Mais relatos – Para saber como tem sido o atendimento a outros pais e mães de dogs, falei com algumas amigas e uma mãe de cachorro que contactei pelo Facebook. Na opinião de Danielle Mesquita, mãe de uma golden retriever e da bulldog francês Fiona, o cancelamento do serviço foi decepcionante. Ela me contou que usava o Uber Pet quase diariamente e ficou muito ofendida com o tratamento que recebeu do motorista. “Outro dia, tive que pedir um Uber. Liguei para o motorista para saber se havia problema da bulldog ir comigo. Ele fez uma série de perguntas e eu me senti muito ofendida”, diz Danielle.
A mãe da Fiona relatou que na conversa por telefone o motorista alegou que não aceitaria a corrida pois se tratava de uma raça brava e que soltava pelos. Após dar garantias de que a cachorra não tem essas características e iria no colo o motorista topou levá-las. “A Fiona teve que ir no meu colo, não podia passar para o banco de jeito nenhum”, afirma.
Danielle ainda ficou chateada com o silêncio do Uber após uma reclamação que fez na Página da empresa. Ela foi insultada por outro fã da Página que comentou que ela “deveria ter carro” para levar sua “cachorra imunda” pra onde quisesse. “O Uber não se pronunciou em nada”, lamenta.
Experiências com outras empresas – Outra usuária que ficou decepcionada com o cancelamento do Uber Pet sem aviso foi a Marília Juste, mãe da Cacau e da Flocos. Ela já tinha usado o serviço antes da desativação e ficado satisfeita. Porém, quando descobriu que não havia mais o Uber Pet decidiu usar a 99Taxi, que tem uma opção “Animais de Estimação”. “Eu liguei para o motorista para confirmar e ele não fazia ideia de que se tratava de corrida com um animal”, revela.
Após explicar que sua cachorra é pequena o motorista aceitou a viagem a contragosto. “Foi como se ele estivesse me fazendo um favor”, reclama.
Os cancelamentos de corrida com cachorro em táxis era comum na vida da Elida Oliveira, mãe da Serena, por isso ela comemorou quando o Uber Pet foi lançado. Após a desativação, ela usou o Uber comum e dentre as experiências que ouvi foi a menos pior. “O moço olhou meio assim, mas eu disse que deixaria ela quietinha no chão do banco da frente. Daí ele concordou e disse que também tinha cachorro”, relata.

Um ponto interessante na experiência da mãe da Serena é que ela não encontrou no aplicativo do Uber uma maneira de falar antes com o motorista, o que acende um alerta para a dificuldade no procedimento de ter que ligar para confirmar a corrida.
Além do Uber e táxis, a Elida também já experimentou o BlaBlaCar, um aplicativo de compartilhamento de viagens intermunicipal. Na plataforma os usuários têm de indicar suas preferências. Por exemplo, se gosta de ouvir música, se permite fumo e se aceita animais. A Elida, então, resolveu testar o serviço em uma viagem São Paulo-Curitiba-São Paulo com a Serena, que tem mais de 10 kg. “Foi tranquilo. Só tive que pagar dois assentos, mas foi mais barato do que uma viagem de avião”, avalia.
Para ser aceita na viagem, ela também forneceu uma capa para o banco e um cinto de segurança para cachorros. Foi bom porque a Sereninha vomitou no trajeto de volta. Faz parte, né Sereninha? 😉
O que o Uber diz (ou não) – Procurei a assessoria do Uber na última quarta (18) para saber o que a empresa diz sobre o cancelamento sem aviso, as reclamações dos usuários e se há possibilidade da opção ser reativada. A empresa entrou em contato por e-mail e telefone, porém não respondeu às seguintes perguntas que enviei:
– Por que o Uber não informou os usuários (e-mail, redes sociais…) sobre a desativação do Uber Pet?
– Eu e outros usuários que entrevistei relataram diversas dificuldades em usar o Uber com seus animais após a desativação do serviço. No meu caso, o primeiro motorista recusou a corrida porque minha cachorra solta pelos e é, na opinião dele, grande (15kg) e o segundo aceitou após muita insistência. O que vocês têm a dizer sobre essas situações?
– Vocês avaliam a possibilidade de reativar o serviço após as reclamações dos usuários?
A empresa se limitou a enviar uma nota oficial que vocês podem ler na íntegra abaixo.
Resumo da história, mais uma vez voltamos à estaca zero no transporte de cachorros, especialmente se eles forem de médio e grande porte.
Nota do Uber na íntegra:
No Brasil, todos os serviços prestados pelos motoristas parceiros da Uber passaram a ser pet friendly – ou seja, animais de estimação podem ser aceitos por eles. Ao logo do tempo aprendemos que motoristas parceiros cinco estrelas sempre tem um objeto para proteger os bancos e assim proporcionar uma viagem cômoda para seus usuários e respectivos animais.
Passageiros também podem estar sempre preparados. Já vimos exemplos de pessoas que mantém uma canga para que possam proteger os bancos do carro do motorista parceiro.
Vale destacar que para animais de serviço a aceitação é obrigatória e prevista em Lei.