Cães em apartamento, por que não?

Eu poderia justificar que é possível criar cães pequenos, médios e até grandes em apartamentos com base na minha própria experiência, mas prefiro deixar a palavra para os especialistas. A respeitada RSPCA (Royal Society for the Prevention of Cruelty to Animals), uma organização britânica para o bem-estar animal, publicou um guia sobre o assunto que, na minha opinião, resume tudo o que se deve levar em conta para ter um cachorro em prédios.

Em primeiro lugar, você deve pensar quanto tempo terá disponível para o seu pet. Dois passeios são ideais para manter o cão saudável. Ok, nem todos conseguem, mas, ao menos, um você terá de fazer e compensar com enriquecimento ambiental. Cães sem exercício podem ficar obesos, ter problemas nas articulações, dificuldades respiratórias e por aí vai.

DJ se deliciando com um 'sanduíche' na sala do meu apartamento
DJ se deliciando com um ‘sanduíche’ na sala do meu apartamento

Além disso, são os passeios que promovem a melhor atividade mental para os cachorros. Na rua, eles exercitam a capacidade sensorial, gastam energia e se sociabilizam, ficando assim psicologicamente mais estáveis. Aliás, não são só os pets de apartamento que necessitam de passeios, cães que moram em casas também precisam passear. Animais que não saem às ruas costumam desenvolver distúrbios de comportamento, que podem se revelar em destruição de objetos, aversão a visitas e até depressão.

E eu não estou falando que passear é um dever da boca para fora. Hoje tenho três cães em um apartamento e todos os dias saio com os três, um de cada vez, para passear. Ao todo, dá, tranquilamente, mais de uma hora nessa atividade. E à noite, meu marido faz o mesmo. Trabalhoso? Sim. Mas, para nós, acima de tudo, é prazeroso.

Cachorro tem que brincar para cansar

Outro ponto tão importante quanto os passeios é o enriquecimento ambiental. Isso quer dizer que você tem de dar ao seu filho cão um ambiente desafiador e interessante. Pensa bem, imagina a sua vida sem TV, internet, livros. Chato, né? Pois é, a vida do cão também fica muito tediosa sem um brinquedinho. Mas não adianta dar só uma bolinha, se o cachorro nem de bolinha gosta. O legal é variar: ossinhos, brinquedos desafiadores como as garrafas pet, bichinhos de pelúcia, objetos de borracha, cordinhas, caixas de leite, opções não faltam.

Uma boa dica para deixar a casa ainda mais interessante é espalhar parte da comida diária pela casa. Calma, não estou dizendo para você jogar ração no seu belo sofá. Mas, você pode, por exemplo, colocar duas ou três pequenas porções de comida em cantos alternados. Uma forma de apurar o olfato, fazer um pouco de atividade e se alimentar ao mesmo tempo.

Fazer alguns comandos diariamente também é legal. Para não ter de separar ainda mais tempo, o jeito que eu encontrei foi introduzir os comandos básicos – senta, deita, dá a pata, fica – na rotina. Eles têm de obedecer comandos antes de comer, ganhar brinquedo e ir passear.

Toddy e DJ em um parque perto de casa
Toddy e DJ em um parque perto de casa

Para uma convivência saudável, também é importante delimitar e ensinar onde fazer as necessidades (veja minha experiência com o Toddy). Pode parecer óbvio, mas muitos donos, com o intuito de manter a casa limpa, ensinam o cachorro a fazer xixi e cocô só na rua. É uma armadilha. Imagina se você se atrasa ou se aparece um compromisso de última hora. É justo deixar o bichinho apertado? Claro que não. Fora que segurar muito pode causar doenças.

O jeitinho de cada um

Não existe consenso sobre uma metragem mínima que se deve ter para criar um cão. Como já deu para perceber, o importante é o tempo que o pai e/ou a mãe do cachorro terão para ele. Ou seja, criar um golden retriever num apartamento de 50 m2 é perfeitamente possível, desde que respeitadas as necessidades dele.

Mas algumas características do cão devem ser consideradas, e uma delas é se ele late muito. Essa é um traço comum de algumas raças como pinscher, yorkshire e west highland. Um comportamento que pode até ser minimizado com adestramento, porém que pode dar mais trabalho. Você também deve estar atento ao nível de energia do cão, um border colie vai demandar cinco vezes mais passeios e enriquecimento ambiental do que um pug, por exemplo. Entre meus três viras-latas, posso perceber isso claramente. Enquanto, a DJ fica imensamente satisfeita com uma volta na quadra, o Toddy poderia percorrer o bairro inteiro sem se cansar.

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